terça-feira, 1 de junho de 2010

Estupro: A África do Sul que você não quer ver



Não há como negar que a África do Sul ainda enfrenta problemas sociais, apesar do doloroso e longo processo de luta contra a desigualdade racial encerrado no início dos anos 90. Nelson Mandela e seus seguidores trouxeram um sopro de liberdade ao sofrido povo negro, não obstante, o que aconteceu depois do fim do Apartheid, ainda está longe das maravilhas prometidas pela democracia. Pobreza, guerra civil, AIDS, xenofobia, homicídios e outros questões, são feridas que permanecem abertas no país da próxima Copa do Mundo de Futebol.

Todavia, uma delas têm me causado especial repúdio: o estupro de lésbicas. No caso da África do Sul (e também em outros países africanos) essas violações são chamadas de “estupros corretivos” e têm como objetivo mostrar para mulher “aquilo que ela precisa gostar”, ou seja, de homens. O mais incrível, é que quando essas mulheres procuram a polícia, são violentadas novamente, só que dessa vez em seus direitos, pois as autoridades fazem vista grossa para os criminosos que cometem violência sexual contra lésbicas. Se a vítima for negra, o descaso pode ser maior ainda, visto que profissionais da área da saúde se negam a prestar qualquer tipo de socorro. Não são raros os casos onde o estupro é seguido de morte. E pelas mesmas razões apresentadas anteriormente, esses assassinos dificilmente chegarão a um tribunal.

Incluindo o estupro contra lésbicas, a África do Sul é o país com o mais alto índice per capta desse tipo de crime no mundo todo. Segundo as estatísticas, 15% das vítimas de estupro têm menos de 11 anos de idade. Esse é um fenômeno de difícil compreensão, pois atrás disso temos um outro problema grave: a AIDS. Estima-se que ela matará mais de 22 milhões de sul-africanos nos próximos dez anos. Mais que uma questão de saúde pública, é também um problema cultural, pois além da crença de que estupros “curam” lésbicas, existe uma outra mais absurda ainda: a de que praticar sexo com uma virgem pode curar a doença. Pelo visto, nessa luta contra a AIDS/estupros, o rigor da lei é um fator mais que necessário, tanto quanto a conscientização e a prevenção.

Enfil